Licitação Linha 19 – Celeste Metrô São Paulo – Guarulhos

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Considerada a maior obra de infraestrutura urbana do país, a Linha 19-Celeste será concedida à iniciativa privada. Mas exigirá alto preparo técnico, investimentos bilionários e uma modelagem financeira à altura da complexidade do projeto.

A Linha 19-Celeste é um dos principais projetos em tramitação no portfólio de expansão da malha metroviária de São Paulo. Prevista para ligar o centro da capital paulista até a zona norte da cidade e a região de Guarulhos, a linha deve atender um público estimado de mais de 600 mil pessoas por dia, ampliando significativamente a integração entre regiões densamente povoadas e polos econômicos relevantes, como o Aeroporto Internacional de Guarulhos.

A licitação foi estruturada no modelo de concessão patrocinada, com prazo de 30 anos e valor estimado em mais de R$ 20 bilhões, envolvendo construção, operação e manutenção do sistema. Prevista inicialmente para junho, a licitação foi adiada pela terceira vez “em atendimento às diversas solicitações encaminhadas por empresas interessadas em participar da licitação, justificadas com base na complexidade multidisciplinar do projeto”, segundo o Metrô. O adiamento reforça o caráter técnico e financeiro exigente da concessão, que mobiliza diferentes especialidades e impõe alto nível de preparo para os concorrentes.

Características técnicas e estrutura do projeto

A futura Linha 19-Celeste terá aproximadamente 17,6 km de extensão, com 15 estações, todas subterrâneas. O trajeto vai da estação Anhangabaú, no centro de São Paulo, até o Bosque Maia, em Guarulhos, passando por importantes regiões como Pari, Vila Maria e Jardim Japão.

A concessão envolve não apenas a construção da linha, mas também a operação e manutenção por um período de 30 anos. O modelo é de concessão patrocinada, o que significa que a empresa vencedora será remunerada por meio de tarifas pagas pelos usuários complementadas por repasses do governo estadual, conforme desempenho e metas estabelecidas em contrato.

O projeto conta ainda com a previsão de construção de um pátio de manutenção e oficinas, além de sistemas auxiliares e de controle. O edital ainda estabelece indicadores de qualidade e desempenho, exigindo que a operação atinja altos padrões de eficiência e regularidade ao longo do contrato.

Fonte: Metro de SP / Arte: Valor

Fonte: Metro de SP / Arte: Valor

Fonte: Governo do Estado de São Paulo

Perfil do Projeto e Atratividade da Disputa

Considerada a maior obra de infraestrutura em execução no país, a licitação da Linha 19-Celeste deve atrair o interesse de grandes operadores e investidores com experiência em concessões urbanas e projetos metroferroviários. O projeto é visto como uma oportunidade estratégica, especialmente para grupos com robustez técnica, financeira e operacional.

Embora o valor final não tenha sido oficialmente divulgado para não interferir no processo competitivo, estima-se que o custo da obra ultrapasse R$ 20 bilhões. Boa parte desse montante está concentrada em atividades de escavação (que exigirão o uso de uma tuneladora do tipo Slurry, com diâmetro de 9,5 metros –  “Tatuzão”) e na movimentação de terra, que juntas respondem por aproximadamente 50% dos custos totais.

A combinação entre o volume de investimento, o critério de menor preço e o horizonte contratual de 30 anos torna o projeto um ativo de longo prazo, com alto grau de complexidade e necessidade de gestão integrada de riscos de engenharia, demanda e operação.

As principais empresas interessadas são: 

  • Acciona com a Construcap
  • Mendes Júnior com a Power China
  • Sacyr com a Engibras
  • Andrade Gutierrez
  • Álya (Queiroz Galvão)
  • OHLA

Cronograma e Principais Gargalos

O edital prevê um cronograma ambicioso, com a assinatura do contrato estimada para 2025 e início das obras ainda no mesmo ano. A entrada em operação está prevista para ocorrer a partir de 2031, com a linha entregue em fases, conforme o avanço das obras e do sistema de sinalização.

Apesar da relevância do projeto, o cronograma enfrenta gargalos importantes. Um deles é a liberação de áreas e remoções necessárias para a construção das estações e túneis. Há ainda o desafio da compatibilização de interferências urbanas e de infraestrutura existente, especialmente no trecho central da capital.

Outro ponto sensível é o financiamento. A modelagem prevê uma concessão patrocinada, mas ainda há incertezas sobre a participação de financiadores como o Banco Mundial e o BNDES, que tradicionalmente apoiam obras de grande porte com impacto social, inclusive as do metrô. A definição da origem e estrutura de funding será determinante para a atratividade efetiva do leilão.

Críticas e Riscos Associados ao Projeto

Apesar de ser considerado um projeto estruturante para a mobilidade urbana da Região Metropolitana de São Paulo, a Linha 19-Celeste também levanta questionamentos relevantes entre especialistas do setor.

A principal crítica está relacionada à ausência de clareza sobre o fluxo de capital no início da concessão. Embora se trate de uma PPP patrocinada, o edital não explicita com precisão se caberá ao setor público ou ao concessionário arcar com os investimentos iniciais de implantação da infraestrutura. As empresas deverão desembolsar um valor elevado no início para mobilizar o “tatuzão”, mas só receberão depois de um longo período. Essa indefinição pode comprometer a atratividade do projeto e dificultar a modelagem financeira por parte dos potenciais operadores, inclusive favorecendo construtoras estrangeiras, que têm acesso a financiamentos fora do país, normalmente com menor custo de capital.

Outro ponto sensível é a existência de distorções nas planilhas de custos e receitas. A falta de alinhamento entre as projeções e os custos efetivos esperados pode afetar a previsibilidade dos retornos financeiros, gerando insegurança entre os investidores.

Além disso, os requisitos técnicos exigentes, como o uso de tuneladoras específicas e prazos rigorosos de entrega, elevam o nível de complexidade e podem restringir a concorrência. Há também os riscos históricos de judicialização, entraves fundiários e alterações de prioridade política, fatores comuns em projetos urbanos dessa magnitude no Brasil.

Leitura Estratégica da UNA

Projetos como a Linha 19-Celeste evidenciam a crescente sofisticação dos modelos de concessão urbana no Brasil  e os desafios associados à sua estruturação. A complexidade técnica da obra, o horizonte de 30 anos e a incerteza quanto ao fluxo de capital exigem modelagens financeiras robustas, com visão de longo prazo e gestão ativa dos riscos.

Na UNA, combinamos inteligência financeira, análise regulatória e tecnologia para apoiar investidores e operadores na estruturação de projetos de infraestrutura de alta complexidade. Nossa Plataforma de Corporate Finance as a Service oferece soluções para viabilizar e monitorar concessões desde a fase de modelagem até a execução contratual, com ferramentas de acompanhamento de obrigações, covenants e risco financeiro.

Apoiamos empresas na leitura crítica dos editais, na avaliação da atratividade econômica e na construção de modelos consistentes para tomada de decisão. Em projetos com tantos vetores de risco como este, o preparo técnico e estratégico faz toda a diferença.


Fontes:

Obra bilionária do Metrô de SP atrai construtoras | Empresas | Valor Econômico – Thaís Hirata

Metrô de SP adia licitação bilionária de obras da Linha 19 para setembro | Empresas | Valor Econômico – Thaís Hirata

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