Quando um covenant é quebrado, o contrato não é o único a sofrer: a relação com os credores, o fluxo de caixa e até a imagem da empresa podem sair abalados. Saber como antecipar-se e reagir é o que separa as empresas mais preparadas e confiáveis das outras.
Nos capítulos anteriores da série Gestão de Covenants em Contratos de Financiamento, exploramos como estruturar uma gestão eficiente, evitar os erros mais comuns e manter o processo em funcionamento. Agora, avançamos para um cenário que nenhuma empresa deseja enfrentar. Mas que, se ocorrer, precisa ser tratado com destreza: o descumprimento de um Covenant.
Mesmo com sistemas bem implementados, rotinas de acompanhamento e alertas automáticos, o risco de violação nunca é zero. Um evento inesperado, uma oscilação financeira ou um atraso operacional podem comprometer uma cláusula contratual crítica.
Cada empresa e covenant possui sua particularidade. Alguns são ocasionados por imprevistos repentinos, como acidentes, ou eventos inesperados. Outros podem ser projetados com antecedência, como índices financeiros, avanço em obras.
Mas, o que diferencia uma empresa madura na sua gestão das demais não é a ausência de incidentes, e sim sua capacidade de reagir com agilidade, transparência e estratégia.
Neste quarto capítulo da série, abordaremos os pontos mais sensíveis na gestão das possíveis adversidades no universo dos covenants: os principais impactos do descumprimento, como reagir ao descumprimento de um Covenant de forma estruturada, práticas recomendadas após o descumprimento, e porque a comunicação com credores é um dos pilares mais importantes na gestão de situações críticas.
1. Quais são os principais impactos do descumprimento do Covenants?
A violação de um covenant pode parecer, à primeira vista, apenas uma quebra contratual. Mas na prática, os impactos costumam ser imediatos, relevantes e com efeitos em várias frentes: financeira, jurídica, reputacional e até estratégica.
A depender da cláusula descumprida e da estrutura do contrato, as consequências podem incluir:
- Vencimento antecipado da dívida: o credor pode exigir o pagamento integral do saldo devedor.
- Execução de garantias: ativos vinculados como fianças, ações, imóveis ou recebíveis podem ser ativados para ressarcimento.
- Bloqueio de recursos: é comum a limitação do uso de contas vinculadas ou mecanismos semelhantes.
- Aumento da taxa de juros: penalidades contratuais podem ser ativadas, elevando o custo da dívida.
- Suspensão de desembolsos futuros: em contratos com tranches, a liberação de novas parcelas pode ser bloqueada.
- Rebaixamento de rating: descumprimentos recorrentes impactam diretamente a reputação da empresa junto ao mercado.
- Pressão sobre a governança: conselhos, investidores e credores podem demandar mudanças na gestão ou na estratégia do negócio.
Além disso, o dano mais difícil de mensurar (e talvez o mais importante) é a perda de confiança. Em especial em operações públicas, como debêntures, essa perda pode comprometer novas captações ou acelerar processos de crise, inclusive levando à necessidade de renegociação agressiva ou recuperação judicial.
2. Como reagir ao descumprimento de um Covenant de forma estruturada?
O momento de agir não é quando o covenant já foi formalmente descumprido, e sim quando a empresa percebe que há risco real de violação.
Ao revisar projeções financeiras, cronogramas de entrega ou indicadores operacionais, se houver o menor sinal de que uma cláusula pode ser comprometida, o ideal é construir e executar imediatamente um plano de ação e iniciar o diálogo com os credores.
A transparência nesse momento é um ativo estratégico. Comunicar com antecedência mostra maturidade, fortalece a relação e abre espaço para negociações mais equilibradas.
Mesmo nos casos em que o descumprimento é repentino, como acidentes, desastres ou eventos externos não previstos, a lógica se mantém: agir com agilidade, comunicar com clareza e demonstrar que a empresa está no controle da situação, ainda que o contexto tenha fugido do planejamento original.
A resposta ideal deve seguir três premissas essenciais:
- Imediata: não deixe o credor descobrir por conta própria. Informar credores e stakeholders no momento inicial demonstra compromisso e proatividade.
- Transparente: compartilhe a situação real e os impactos estimados. Quanto mais aberta e franca for a comunicação entre as partes, maiores são os vínculos de confiabilidade.
- Orientada a soluções: leve alternativas, planos de correção e cenários simulados. Informar quais são as estratégias e soluções orientadas indica que, por mais que o cenário seja adverso, a empresa tem capacidade para contorná-lo.
Quanto mais cedo for feita essa comunicação, maiores as chances de preservar a confiança e evitar escaladas desnecessárias.
3. O que fazer após o descumprimento: práticas recomendadas
Se a violação de um covenant já ocorreu, é preciso concentrar esforços na contenção de danos e no restabelecimento da confiança com os credores e stakeholders.
A boa notícia é que, quando a empresa demonstra preparo, clareza de diagnóstico e disposição para resolver o problema, o mercado tende a responder com abertura para o diálogo.
Abaixo, as principais ações recomendadas para esse momento:
- Comunicação clara: informe os credores assim que a violação for identificada. Explique os motivos, mostre os impactos e antecipe possíveis repercussões.
- Análise da causa raiz: avalie se a violação foi pontual (por exemplo, um trimestre atípico) ou se revela uma tendência estrutural (queda persistente de receita, atraso recorrente etc.).
- Negociação de waiver: se aplicável, solicite formalmente uma dispensa temporária ou permanente da cláusula, apresentando justificativas, medidas corretivas e prazos.
- Revisão contratual: renegocie termos, indicadores e gatilhos, especialmente se o contexto de mercado ou o modelo de negócio tiverem mudado.
- Reestruturação financeira: considere medidas como venda de ativos, reforço de capital, revisão de projetos ou redução de despesas.
- Fortalecimento da governança: crie comitês de crise, promova auditorias independentes e adote uma postura ativa de prestação de contas por meio da divulgação de relatórios periódicos para reforçar a confiança.
O objetivo é simples: demonstrar controle e comprometimento.
Casos reais mostram que empresas que adotam transparência e agilidade conseguem preservar a relação com os credores e evitar consequências mais severas. Já aquelas que adiam a resposta frequentemente agravam a situação, e colocam seus projetos (e reputações) em risco, inclusive podendo chegar à recuperação judicial.
Conclusão
Prevenir é, de fato, melhor do que remediar.
E quando falamos de gestão de Covenants, essa máxima se traduz em previsibilidade, governança e continuidade.
Mais do que reagir a um descumprimento, o objetivo das empresas deve ser evitar que ele ocorra. Isso exige:
- Monitoramento contínuo de indicadores e cláusulas contratuais;
- Planejamento estratégico capaz de antecipar cenários de estresse; e
- Comunicação constante e estruturada com credores e investidores
Lembre-se: os covenants não são entraves. Quando bem geridos, tornam-se ferramentas de disciplina financeira, proteção contratual e credibilidade no mercado, resultando no fortalecimento do relacionamento com bancos e financiadores, e na abertura de caminho para o crescimento da empresa.
Como a UNA ajuda na gestão eficiente dos Covenants
É justamente para ajudar empresas a evitarem rupturas contratuais, surpresas operacionais e desgastes com credores que a UNA desenvolveu o UNA Covenants: a plataforma digital que apoia a gestão preventiva, estruturada e transparente dos contratos de financiamento.
A solução foi desenhada para refletir o que aprendemos ao longo de bilhões de reais em contratos acompanhados: que a gestão eficiente exige clareza, integração e controle contínuo, e que nenhum desses elementos pode depender de memória institucional, e-mails ou planilhas isoladas.
- Mapeamento centralizado de cláusulas e contratos: todos os covenants ficam organizados em um só ambiente, com visualização por projeto, operação ou contrato específico, inclusive com suporte a documentos acessórios, aditivos e contratos de garantia.
- Atribuição de responsabilidades e alertas automatizados: cada cláusula é vinculada a um ou mais responsáveis, com prazos definidos e notificações automáticas. Isso garante que nenhuma obrigação fique esquecida ou sem acompanhamento.
- Busca textual inteligente: com um sistema de indexação completo, é possível localizar rapidamente cláusulas específicas ou obrigações críticas, funcionalidade essencial na hora de negociar novos contratos ou tomar decisões estratégicas.
- Dataroom integrado e log de evidências: a plataforma permite arquivar não apenas os contratos, mas também os comprovantes de cumprimento de cada covenant, criando uma trilha completa e auditável para cada entrega.
- Dashboards e relatórios customizáveis: gestores têm acesso a painéis de controle com indicadores de status, pendências, entregas realizadas e próximos vencimentos: tudo em tempo real, com possibilidade de exportação para relatórios gerenciais.
- Facilidade na comunicação com credores: o sistema permite registrar interações, compartilhar documentos e manter histórico de negociações, facilitando a transparência e fortalecendo o relacionamento.
Com o UNA Covenants, a gestão deixa de ser reativa e passa a ser estruturada, auditável e previsível. E isso muda completamente a forma como a empresa se relaciona com seus contratos e com seus credores.
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Continue acompanhando nossa série especial sobre gestão de covenants. No próximo capítulo, vamos falar sobre “Por que monitorar covenants melhora o relacionamento com bancos e financiadores?“
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