O avanço exponencial da inteligência artificial generativa, com o surgimento de tecnologias como ChatGPT, Google Gemini e Grok, está remodelando a infraestrutura global de tecnologia. A corrida para desenvolver e implantar essas IAs resultou em uma demanda sem precedentes por datacenters e, consequentemente, por energia para mantê-los funcionando.
Uma pesquisa do Goldman Sachs destaca o impacto dessa tendência no setor energético. Atualmente, os datacenters consomem aproximadamente 55 GW de energia elétrica. Esse consumo é distribuído entre cloud computing (54%), armazenamento de dados tradicional (32%) e inteligência artificial (14%).
Projetando o futuro, o estudo do Goldman Sachs aponta para um aumento significativo nessa demanda. A previsão é que o consumo de energia dos datacenters chegue a 84 GW até 2027, com a participação da IA atingindo 27% do total… um salto de quase 100% em apenas dois anos.
Esse crescimento acelerado na demanda por energia coloca uma pressão enorme sobre as redes elétricas existentes. Para suportar essa expansão, a pesquisa estima que serão necessários investimentos de US$ 720 bilhões na rede elétrica global até 2030.
O cenário não apenas ressalta a importância dos datacenters, mas também aponta para a necessidade urgente de modernizar e expandir a infraestrutura de energia para sustentar a próxima onda de inovação tecnológica. Esse movimento global encontra eco no Brasil, onde a combinação de incentivos fiscais e exigência de energia renovável pode redefinir a competitividade do setor.
Datacenters e Energias Renováveis: Um Futuro Sustentável nas ZPEs no Brasil
A crescente demanda por datacenters no Brasil, impulsionada pelo avanço tecnológico e pela digitalização da economia, está prestes a se cruzar com um novo conjunto de incentivos que pode beneficiar diretamente o setor de energia elétrica renovável. A junção de duas medidas provisórias, a que cria o Regime Nacional de Data Centers (ReData) e a MP 1.307/2025, cria um cenário promissor para investimentos em fontes limpas e sustentáveis.
O ReData tem como objetivo principal tornar o Brasil mais competitivo para atrair grandes players do mercado de tecnologia, oferecendo a isenção de impostos federais (PIS, Cofins, IPI e tarifa de importação) sobre equipamentos importados. Isso reduz a carga tributária do setor de 52% para 18%, diminuindo significativamente os custos de implantação e operação de novos datacenters.
Paralelamente, a MP 1.307/2025 traz uma alteração crucial para o setor de energia. Ela permite que datacenters se instalem em Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs), desde que 80% de sua receita líquida venha de exportação de serviços. A grande inovação, no entanto, é a exigência de que essas empresas utilizem exclusivamente energia elétrica de fontes renováveis. Além disso, a energia deve vir de usinas novas, que tenham entrado em operação após a publicação da lei.
A combinação dessas medidas cria um motor de crescimento para o setor de energia renovável. Com os impostos reduzidos, os datacenters terão mais capital para investir, e as ZPEs se tornam um local atrativo para a instalação desses empreendimentos. A obrigação de usar energia renovável, por sua vez, gera uma demanda garantida por eletricidade limpa. Isso estimula a construção de novas usinas solares, eólicas e outras fontes renováveis, que precisarão ser instaladas e operadas para suprir a alta necessidade energética desses centros de dados.
Em resumo, a política governamental, ao mesmo tempo que desonera o setor de datacenters, alavanca um novo mercado consumidor para a energia limpa, promovendo a sustentabilidade e o crescimento econômico de forma interligada.
Desafios e Debates Jurídicos: O Caminho da MP no Congresso
Apesar do otimismo em relação ao potencial das medidas, a implementação do Regime Nacional de Data Centers (ReData) e as alterações na Lei de ZPEs enfrentam desafios significativos que exigem atenção. O caráter de Medida Provisória (MP) confere urgência, mas também introduz incertezas quanto à sua aprovação e validade a longo prazo, que dependem da análise do Congresso Nacional.
Obstáculos Jurídicos e Operacionais
Um dos principais pontos de debate é a adequação dos serviços de data center ao conceito de “exportação” exigido para as ZPEs. Tradicionalmente, a exportação é associada à saída física de bens. Contudo, especialistas consideram a interpretação juridicamente segura, especialmente com o reconhecimento da exportação de serviços pela jurisprudência. A aprovação prévia de cada projeto pelo Conselho Nacional das ZPEs (CZPE) é vista como um mecanismo que pode mitigar futuras disputas.
Outro desafio reside na exigência de que os datacenters utilizem exclusivamente energia de usinas renováveis novas. Especialistas apontam que, embora a intenção seja boa, atrelar o fornecimento de energia a fontes não despacháveis, como eólica e solar, pode elevar os riscos operacionais, já que datacenters precisam de um fornecimento de energia firme e ininterrupto (24/7). Essa exigência pode onerar os projetos e, se mal implementada, gerar desequilíbrios.
Além disso, a ausência de documentos de exportação tradicionais para serviços de data center exige o desenvolvimento de novos mecanismos contábeis e regulatórios para comprovar a receita exportadora de 80% exigida pela MP.
Um Futuro Promissor para a Energia Renovável e a Inovação Tecnológica
Apesar dos desafios jurídicos e operacionais inerentes à implementação de novas políticas, o cenário que se desenha é extremamente promissor. O mercado global de tecnologia, impulsionado pela IA, exige soluções inovadoras e sustentáveis.
A convergência entre a necessidade de datacenters no Brasil e o imperativo de um modelo energético limpo abre um vasto campo de oportunidades. A desoneração de impostos e a exigência de fontes renováveis criam um ambiente regulatório favorável que, se bem consolidado, irá atrair investimentos substanciais para a construção de novos datacenters e, em paralelo, de usinas eólicas e solares.
O Brasil, com seu enorme potencial de geração de energia limpa e sua crescente relevância no cenário tecnológico global, tem a chance de liderar essa transição. A sinergia entre o setor de tecnologia e o de energia renovável não apenas fortalecerá a infraestrutura nacional, mas também posicionará o país na vanguarda da economia verde
Papel UNA na nova era do crescimento pela IA
Com a crescente demanda por infraestrutura de datacenters e a exigência de energia renovável nas ZPEs, a UNA está posicionada de forma única para apoiar empresas nesse mercado.
Atuamos com project finance, estruturando e viabilizando o financiamento de projetos de grande escala. Nossa expertise em energia nos permite oferecer soluções completas, desde a aquisição de usinas renováveis existentes até o desenvolvimento de novas plantas solares e eólicas, garantindo que os datacenters tenham acesso a uma fonte de energia limpa e competitiva, enquanto se beneficiam dos incentivos fiscais do governo.
Fontes:
Data centers terão acesso a isenções fiscais com nova medida do governo
Congresso deve ampliar escopo da MP dos data centers em ZPEs, prevê Thymos – MegaWhat
MP de data centers sai em setembro e vai destravar investimentos, dizem empresas
AI to drive 165% increase in data center power demand by 2030 | Goldman Sachs