OPA da Serena Energia: a consolidação estratégica no setor elétrico brasileiro

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A OPA da Serena Energia não é um caso isolado, mas reflexo de uma tendência crescente no setor elétrico: movimentos estratégicos de consolidação e reestruturação em busca de eficiência, controle e geração de valor. Neste cenário, o papel de uma assessoria especializada torna-se decisivo.

Em um mercado pressionado por juros elevados, liquidez reduzida e instabilidade regulatória, a Serena Energia se tornou protagonista de um movimento que chama a atenção de investidores e analistas. 

A recente oferta pública de aquisição (OPA) feita por Actis e GIC, fundo soberano de Cingapura, não apenas propõe o fechamento de capital da companhia, mas marca um novo capítulo na consolidação do setor de energia renovável no Brasil.

Neste conteúdo, analisamos os marcos da trajetória da Serena até a OPA, seus movimentos societários, os fundamentos econômicos da oferta e o que esse caso sinaliza para o futuro do setor, sob a ótica técnica que a UNA aplica em sua atuação estratégica.

A Origem da Serena Energia

A história da Serena Energia se confunde com a trajetória de uma das empresas mais influentes na consolidação das energias renováveis no Brasil: a Omega Energia. Fundada em 2008, a companhia surgiu com o propósito claro de transformar o Brasil em um polo global de geração limpa, apostando desde o início na força do vento e da água como fontes centrais da sua estratégia.

Com uma cultura marcada pela alta performance e mentalidade de dono, a empresa estabeleceu rapidamente sua reputação por executar projetos com agilidade, eficiência e rigor técnico. Nos primeiros anos, concentrou seus esforços no desenvolvimento de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e parques eólicos, destacando-se pelo rápido licenciamento ambiental, boas práticas de governança e entregas dentro do prazo, levando à uma combinação que se tornaria sua marca registrada.

Essa primeira fase foi fortemente orientada para os leilões públicos de energia, consolidando um portfólio competitivo e garantindo previsibilidade de receita. Em 2012, a companhia deu um passo estratégico ao lançar sua comercializadora de energia, com o objetivo de compreender melhor as dores dos consumidores em um ambiente de alta demanda e preços em escalada. Foi também nesse momento que começaram a ser estruturados os primeiros contratos de longo prazo (PPAs), antecipando tendências que redefiniriam o setor.

Em 2013, a companhia entregou o ambicioso projeto Delta Maranhão, com 240 km de linhas de transmissão em 500 kV conectadas à subestação da Eletronorte. O empreendimento comprovou o track record da empresa de operar em escala e lidar com ativos de elevado fator de capacidade e alta complexidade.

O IPO da empresa veio em 2017, já como Omega Geração S.A., com um histórico consolidado de execução, um pipeline robusto e uma base crescente de ativos operacionais. Com os recursos captados, a empresa expandiu sua atuação, combinando crescimento orgânico com aquisições estratégicas, como a compra do Complexo Eólico Chuí, da Eletrobras, em 2020.

Em 2021, uma nova etapa se iniciou com a fusão entre a Omega Geração e a Omega Desenvolvimento. A integração das duas frentes, ativos operacionais e projetos em construção ou licenciamento, fortaleceu a proposta da companhia como uma plataforma completa de energia renovável. Um marco dessa nova fase foi o investimento no projeto Goodnight 1, no Texas (EUA), iniciado em 2022, que simbolizou o primeiro passo concreto da expansão global da empresa.

Em dezembro de 2023, essa trajetória culminou em uma importante mudança: a empresa passou a se chamar Serena Energia. Mais do que uma troca de nome, o novo posicionamento refletiu uma guinada estratégica, voltada à aproximação com consumidores, à inovação tecnológica e à ampliação de sua presença internacional. 

Como parte dessa nova fase, a Serena também passou a explorar com mais intensidade o fornecimento de energia para pequenas e médias empresas (PMEs), por meio de uma plataforma digital própria. Com soluções estruturadas tanto via Ambiente de Contratação Livre (ACL) quanto por Geração Distribuída (GD), a companhia passou a atuar de forma mais próxima do consumidor final, ampliando sua presença no downstream do setor elétrico e diversificando suas fontes de receita com foco em tecnologia, escala e relacionamento direto com o cliente.

Em 2025, a Serena alcança a marca de aproximadamente 3 GW de capacidade instalada e um EBITDA estimado em R$ 2 bilhões, figurando entre os maiores players privados do setor de energia limpa no Brasil. Ao longo de sua trajetória, a companhia manteve sua essência de excelência operacional, visão de longo prazo e capacidade de adaptação a novas fronteiras: características que sustentam sua relevância em um setor em constante transformação.

Estrutura Societária e Racional por Trás da OPA

A evolução da Serena Energia não pode ser compreendida sem uma análise aprofundada de sua estrutura acionária — marcada por movimentos relevantes de fundos de private equity, reorganizações societárias e eventos estratégicos de capitalização. Esses marcos definiram os rumos da companhia e culminaram no cenário atual, em que a OPA proposta pelos fundos Actis e GIC visa encerrar o ciclo como empresa listada em bolsa.

A primeira inflexão relevante ocorreu em 2010, quando a empresa, ainda como Omega, recebeu um aporte do fundo Tarpon All Equities Fund, assumindo o controle acionário da companhia e estabelecendo as bases para sua escalada no setor.

No ano seguinte, 2011, a estrutura se fortaleceu com a entrada da americana Warburg Pincus LLC, outro investidor de peso no mercado global de private equity, que passou a compor a base societária ao lado da Tarpon. Essa segunda rodada de investimentos sinalizou ao mercado a confiança de investidores institucionais na tese da companhia.

Em 2013, a companhia iniciou uma reestruturação societária com o objetivo de separar as atividades de desenvolvimento de novos projetos da operação de ativos já consolidados, envolvendo a cisão da Omega Energia Renovável S.A.

Em 2015, esse processo foi formalizado com a criação da Omega Geração S.A., uma empresa dedicada exclusivamente à gestão de ativos operacionais. A medida respondeu diretamente à demanda de investidores interessados em empresas com menor exposição aos riscos de execução associados a projetos greenfield e receitas mais previsíveis. Esse foi um passo fundamental para viabilizar o IPO da companhia dois anos depois.

A abertura de capital se concretizou em 31 de junho de 2017, com o ticker OMGE3, levantando aproximadamente R$ 789 milhões. O IPO consolidou o modelo de negócios baseado em ativos operacionais, e marcou o início de uma nova fase de crescimento com maior transparência e acesso a capital.

A partir desse momento, a empresa iniciou uma estratégia mais agressiva de crescimento inorgânico, com destaque para a aquisição do Complexo Eólico Chuí, da Eletrobras, em leilão realizado em 2020.

Em 2021, a Omega Geração propôs a fusão com a Omega Desenvolvimento, reunindo ativos operacionais e greenfield sob uma única estrutura. Essa integração veio da provocação de investidores que reconheciam a sinergia entre as duas frentes e o momento oportuno para ampliar a base de crescimento em um cenário de juros baixos, que favorecia investimentos em projetos com maior risco e retorno.

A estrutura acionária voltou a ser impactada em 2022, quando o fundo Actis, uma das maiores gestoras de investimentos em infraestrutura da América Latina, anunciou a aquisição de participação na companhia. Em junho, a Actis fez um leilão na B3 para adquirir 6% da empresa a R$ 11,75 por ação, com base em uma opção de compra de até 20% (R$ 13,50) firmada com a Tarpon.

A operação se expandiu, e ao final do processo, a Actis passou a deter 12,43% da companhia, comprando ações no mercado a R$ 12,75 cada, e comprometendo-se a realizar um aporte de até R$ 850 milhões, mediante subscrição de novas ações a R$ 16,00. Com a homologação do aumento de capital privado em dezembro de 2022, foram integralizadas 53.132.188 ações, elevando a participação da Actis para 26,82% do capital social da companhia.

Em 2023, a empresa adota oficialmente o nome Serena Energia, simbolizando a nova fase corporativa.

Finalmente, em 2025, o movimento de fechamento de capital é anunciado. A Actis, agora associada ao GIC, fundo soberano de Cingapura, propõe uma oferta pública de aquisição (OPA). O laudo de avaliação que embasou a proposta apontou um valor justo de R$ 10,15 por ação com base no fluxo de caixa descontado (DCF), e um múltiplo de mercado EV/EBITDA de 9,78x. A oferta da Actis e do GIC, fixada em R$ 11,74 por ação, representa um prêmio de 122,3% em relação à cotação do primeiro pregão de 2025.

O que este caso nos ensina

A proposta de fechamento de capital apresentada por Actis e GIC reflete uma leitura estratégica de médio e longo prazo. O prêmio expressivo oferecido indica a confiança dos investidores na capacidade da companhia de gerar valor em um ambiente mais flexível, sem as pressões do mercado de capitais. O racional combina múltiplos fatores: valuation historicamente deprimido (com o market cap nos menores patamares desde o IPO, em 2017), cenário macroeconômico adverso, limitação de liquidez e o desejo de ampliar o controle para conduzir reestruturações internas e acelerar decisões estratégicas.

Mais do que uma resposta a um momento específico do mercado, a OPA da Serena evidencia uma mudança de postura dos investidores institucionais frente à realidade atual do setor elétrico. Em um ambiente de capital restrito e complexidade regulatória crescente, o modelo de companhia de capital fechado oferece vantagens relevantes para estratégias de longo prazo. A operação reforça a importância de uma governança sólida, visão integrada e capacidade de adaptação como elementos-chave para a geração de valor sustentável no setor de energia renovável.

Da separação das frentes de negócios ao IPO, da fusão estratégica entre desenvolvimento e operação à entrada de novos sócios, cada etapa reforçou a tese de valor que hoje culmina nesse reposicionamento estratégico.

A visão da Una

A recente OPA da Serena Energia deixa claro os movimentos estratégicos no setor energético brasileiro. Em um setor que vive diversas dificuldades e transformações, a busca por eficiência e consolidação, decisões bem fundamentadas podem fazer toda a diferença para empresas e investidores.

É nesse contexto que a UNA se posiciona como parceira estratégica. Com profundo conhecimento em valuation, estruturação de transações e M&A, e um histórico sólido de atuação no setor energético, a UNA combina inteligência financeira e visão de mercado para apoiar empresas em seus movimentos mais relevantes. 

Nosso time é formado por especialistas com experiência prática em operações complexas e conhecimento técnico aprofundado, prontos para entregar análises, soluções e estratégias que maximizem o retorno da companhia e de seus acionistas.

Grandes decisões exigem precisão, experiência e visão. A UNA está pronta para ser sua parceira em cada etapa dessa jornada.


Referências

https://exame.com/negocios/warburg-pincus-tarpon-anunciam-aporte-r-350-mi-omega-energia-598958

https://pipelinevalor.globo.com/negocios/noticia/omega-propoe-fusao-de-geracao-e-desenvolvimento-para-ser-plataforma-integrada-de-energia.ghtml

https://braziljournal.com/actis-fara-leilao-por-6-da-omega-a-r-1175

https://exame.com/insight/exclusivo-o-xadrez-do-futuro-da-serena-energia/p

https://pipelinevalor.globo.com/negocios/noticia/actis-e-gic-fecham-acordo-para-opa-na-serena-energia.ghtml

https://www.infomoney.com.br/mercados/actis-e-gic-propoem-oferta-para-fechar-capital-da-serena-a-r-1174-acao-srna3-salta/

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