Captação de Equity: por que ainda é mal compreendida no Brasil e como estruturar melhor

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O papel estratégico do equity no financiamento de projetos e os desafios para sua utilização eficiente no país.

 

Com o avanço do mercado de capitais brasileiro na última década e a intensificação dos critérios ESG por parte de investidores institucionais, o o capital via participação societária (equity) voltou ao centro das discussões para financiar grandes projetos de infraestrutura e desenvolvimento, em especial nos setores de infraestrutura, energia, saneamento e mobilidade.

Ainda assim, muitos projetos no Brasil continuam recorrendo quase exclusivamente à dívida como forma de financiamento, ignorando o papel estratégico do equity, não apenas como fonte de capital, mas como catalisador de credibilidade e acesso a funding futuro.

Isso ocorre, em parte, por uma visão limitada sobre quem são, de fato, os provedores de capital de risco. Diferentemente do que muitos imaginam, o mercado de equity para projetos vai além dos Fundos de Investimento em Participações (FIPs). Ele envolve um ecossistema mais amplo, que inclui investidores estratégicos, family offices, plataformas internacionais de capital climático e grandes empresas interessadas em participação societária.

O capital está disponível, mas nem sempre acessível

Os FIPs (Fundos de Investimento em Participações) são uma peça importante desse quebra-cabeça. Com mais de R$ 951 bilhões em ativos sob gestão em fevereiro de 2025, segundo a ANBIMA, eles têm papel relevante na alocação de capital institucional em ativos reais no Brasil, principalmente nos setores de energia e infraestrutura regulada. No entanto, seu apetite costuma estar restrito a projetos mais maduros, com governança consolidada, modelagem robusta e tese de saída bem definida.

Por outro lado, family offices e investidores individuais de alto patrimônio vêm ganhando espaço em projetos ainda em estruturação, muitas vezes atuando como co-investidores iniciais. Já investidores estratégicos, como utilities, operadoras logísticas ou empresas do setor, avaliam participações com foco em sinergia operacional e visão de longo prazo.

Além disso, o mercado internacional traz oportunidades com fundos de impacto, como IFC, BID Invest, Actis e Brookfield, que buscam exposição a ativos sustentáveis na América Latina, desde que os projetos cumpram critérios técnicos e ambientais rigorosos.

Em outras palavras: o equity está disponível, mas é seletivo. E acessar esse capital exige mais do que uma boa ideia. Exige preparo, estrutura e comunicação clara do valor que o projeto pretende gerar.

Captação de equity ainda é tratada como “última opção”… ou confundida com diluição desnecessária

Embora cada vez mais presente no mercado brasileiro, a captação de equity ainda é vista por muitos empreendedores e desenvolvedores de projeto como um recurso extremo a ser utilizado apenas quando a dívida não é viável, e não como parte estratégica da estrutura de capital. 

Essa resistência tem raízes tanto culturais quanto estruturais

Do lado cultural, há um receio profundo com a ideia de diluição, como se ceder participação significasse abrir mão de controle, protagonismo ou autonomia, mesmo quando o capital aportado pode destravar etapas críticas do projeto e atrair novos parceiros. Em setores tradicionalmente conservadores, como infraestrutura e energia, isso é ainda mais sensível.

No campo estrutural, muitos projetos simplesmente não estão prontos para o equity. Isso inclui:

  • Ausência de um acordo de sócios funcional;
  • Falta de governança mínima e estrutura jurídica compatível com a entrada de um investidor;
  • Nenhum plano de saída para o investidor, o que compromete a atratividade da oferta.

Além disso, a captação de equity exige outro tipo de narrativa: uma que fale de mercado, crescimento, impacto e retorno sobre o capital investido. Quando a comunicação do projeto está toda centrada na lógica da dívida (com garantias, cronogramas e pagamento de juros), o investidor de equity não se vê na proposta.

O resultado é um ciclo vicioso: projetos com alta dependência de dívida, baixa resiliência a riscos e dificuldades futuras de capitalização. Este desalinhamento compromete o processo de captação desde o início, e mantém o equity como um território mal explorado no financiamento de projetos no Brasil.

Como saber se o projeto está preparado (ou não) para captar equity

Um projeto só é atrativo para novos sócios quando demonstra não apenas viabilidade técnica e econômica, mas capacidade real de gerar valor. O equity é, por definição, capital paciente e orientado à multiplicação,  e o investidor precisa enxergar claramente onde, como e quando esse valor será capturado.

Abaixo, alguns sinais de que o projeto ainda não está pronto para captar equity com eficiência:

  • Governança frágil ou inexistente
    Estruturas societárias informais, ausência de acordo de sócios, conflitos mal resolvidos e papéis mal definidos afastam qualquer investidor institucional.
  • Modelagem financeira sem perspectiva de valorização
    Projeções construídas exclusivamente com foco em indicadores de dívida (como DSCR, cronogramas de amortização e fluxo para pagamento de juros) são fundamentais para estruturação de crédito, mas não respondem às perguntas do investidor de equity. Quem aporta capital próprio quer enxergar retorno sobre o equity investido, potencial de valorização da empresa e múltiplos de saída ao longo do tempo. 
  • Ausência de tese de valor clara
    O equity quer saber: onde está a oportunidade de multiplicação? Em ganho de escala? Em consolidação de mercado? Em eficiência? Em tecnologia proprietária? Se isso não estiver claro, o capital não se compromete.
  • Falta de plano de saída (ou liquidez)
    O equity não é filantropia. É investimento com expectativa de retorno. Projetos que não oferecem mecanismos de saída razoáveis, como venda para estratégicos ou abertura de capital futura, perdem competitividade.
  • Mensagem desalinhada com o perfil de investidor-alvo
    Muitos projetos apresentam o mesmo material para investidores de dívida e de equity, o que gera ruído. O investidor de equity precisa de uma tese, não apenas de garantias.

Sem esses elementos, o projeto pode até ser interessante, masnão fica nítido para o investidor. Por outro lado, quando o projeto demonstra clareza em todos esses pontos, o capital se aproxima e, muitas vezes, passa a ajudar a destravar o funding de dívida futura, funcionando como âncora ou sinal de confiança para o mercado.

Em resumo: equity não é só dinheiro. É credibilidade incorporada à estrutura do projeto.

Como estruturar uma captação de equity que gera valor e atrai investidores estratégicos

Diferentemente da dívida, onde a lógica é proteger o credor, a captação de equity exige uma estrutura que inspire confiança na criação de valor compartilhado. O investidor de equity quer entender como o capital será multiplicado, e por que vale a pena assumir o risco com você.

Para isso, não basta um projeto promissor. É necessário apresentar um conjunto coordenado de elementos que demonstrem preparo, visão e capacidade de entrega.

Veja os principais pilares de uma estrutura de equity bem desenhada:

1. Plano de negócios orientado a equity

Não é só sobre viabilidade. É sobre tese de investimento. O plano deve explicar onde está o valor, como ele será criado, em quanto tempo, com quais riscos e com qual lógica de monetização.

2. Modelagem financeira conectada à geração de valor

Projeções devem apresentar múltiplos que interessem ao investidor: CAGR, ROE, payback sobre equity, valuation em diferentes estágios. O DCF passa a ser uma peça de comunicação estratégica, não apenas técnica.

3. Documentação e governança compatíveis

Acordo de sócios, política de entrada e saída, regras de governança e estrutura jurídica sólida. O equity compra participação e, com ela, a expectativa de ter voz, visibilidade e proteção.

4. Material de apresentação profissional

Teaser bem estruturado, infomemo detalhado e data room organizado. Isso mostra maturidade, reduz atrito no processo e diferencia o projeto logo no primeiro contato com potenciais investidores.

5. Definição do perfil de investidor-alvo

Cada investidor tem uma tese. Não se fala com um fundo internacional de impacto do mesmo jeito que se conversa com um family office brasileiro ou uma empresa do setor. A estrutura deve ser pensada para ser compatível com o capital que se quer atrair.

Equity não é o “plano B”. Quando bem estruturado, é o motor de credibilidade e expansão de um projeto.

Na UNA, atuamos com uma visão integrada para a captação de equity. Desde a definição da tese, estruturação financeira e governança, até o relacionamento com investidores nacionais e internacionais. O que entregamos não é apenas um documento, é uma proposta de valor embasada, estruturada e compatível com o que o mercado exige.

Sobre a UNA

Na UNA, o trabalho começa muito antes do funding. Começa na construção de valor. 

Somos uma plataforma digital de Corporate Finance as a Service, especializada na estruturação financeira de projetos de infraestrutura e transição energética. Atuamos com o modelo de Investment Banking as a Service, oferecendo soluções integradas em captação de recursos, estruturação de equity e dívida, gestão de risco e relacionamento com investidores, transformando projetos em ativos financiáveis, com agilidade, 

Quer saber como podemos apoiar o seu projeto? Fale com a nossa equipe.


Fontes e Referências

  • ANBIMA – Consolidado Diário de Fundos de Investimento
    https://www.anbima.com.br/pt_br/informar/estatisticas/fundos-de-investimento/fi-consolidado-diario.htm. Acessado em 15 de junho de 2025
  • CVM – Dados de Fundos Estruturados
    https://dados.cvm.gov.br/group/fundos-estruturados. Acessado em 15 de junho de 2025
  • CVM – Boletim de Econômico
    https://www.gov.br/cvm/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/boletim-economico/2503_cvm_boletim_economico_105.pdf. Acessado em 15 de junho de 2025

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